terça-feira, 16 de agosto de 2011

PR deixa base aliada; acompanhe o discurso do senador Alfredo Nascimento

Manaus, 16 de Agosto de 2011
ANA CAROLINA BARBOSA

O senador afirmou, durante seu pronunciamento, que o partido abre mão de todos os cargos destinados À cota da legenda no governo Federal.



O presidente nacional do Partido da República, senador Alfredo Nascimento, acaba de anunciar a independência da legenda, que se desliga da base aliada da presidente Dilma Rousseff (PT), sucessora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao qual a sigla esteve ao lado durante seus dois mandatos.
Nascimento discursou a pouco no plenário do Senado Federal, e, em seu pronunciamento, informou que o partido abre mão de todos os cargos à sua disposição no governo Federal. Ele disse que, embora reconheça que o atual ministro dos Transportes Paulo Passos mereça o respeito de seus pares e seja filiado ao PR, não é mais considerado um representante do partido, já que o mesmo foi conduzido ao cargo a partir de uma decisão isolada e pessoas da presidente Dilma Rousseff.
Alfredo justificou sua saída alegando que foi leal à gestão do PT nos últimos anos e ajudou a eleger a presidente, portanto, o PR, formado por 51 deputados e sete senadores, não aceitará ser tratado como “aliados de pouca categoria pelo governo que ajudou a consolidar”.
Ele criticou a forma como os membros do partido e indicações da legenda foram afastadas após denúncias classificadas pelo senador como “sem provas” e afirmou que continuará lutando pelos interesses do país, principalmente para que os efeitos da crise econômica mundial não afetem o Brasil.
Alfredo também assegurou que os integrantes do PR vão contribuir com as investigações que apuram denúncias de cobrança de propina e superfaturamento em obras do Ministério dos Transportes, à época gerido por Alfredo, e fraudes que envolvem, inclusive, os órgãos executivos ligados à pasta. A denúncia foi feita pela revista "Veja", há cerca de um mês.
Acompanhe o discurso na íntegra:

Brasília, 16 de agosto de 2011


Pronunciamento


Senhor presidente, senhoras senadoras e senhores senadores,
Profissionais da imprensa aqui presentes, senhoras e senhores,



Ocupo a tribuna dessa casa para, na condição de presidente nacional do partido da república, tornar pública a decisão soberana de nossas bancadas – na câmara dos deputados e neste senado federal – de declarar independência da base de sustentação ao governo dilma rousseff no congresso nacional. A partir de hoje, manteremos a atitude responsável que caracteriza a nossa trajetória no legislativo brasileiro, mas atuaremos de forma independente. Nesse momento, abrimos mão de todos os cargos hoje ocupados por indicações de nossas bancadas. Tais espaços estão à disposição da administração federal.

Paulo sérgio passos é um técnico que merece o nosso mais sincero respeito e reconhecimento pela excelência de sua colaboração nas gestões que compartilhamos ao longo dos últimos anos. Sua filiação reforça a qualificação inegável dos quadros vinculados ao pr.  Cabe frisar, entretanto, que não reconhecemos no atual titular do ministério dos transportes o legítimo representante de nosso partido no governo federal. Sua nomeação reflete decisão pessoal e isolada da presidenta da república que, certamente, não merece discussão de nossa parte.

Madura e coerente, senhoras senadoras, senhores senadores, a determinação de declarar independência traduz o sólido consenso formado entre os 48 parlamentares federais que o partido da república elegeu pelo voto direto e que representam, de forma legítima e inquestionável, diversos segmentos da sociedade brasileira. Com essa decisão pretendemos deixar claro, e de modo inequívoco, que continuaremos participando de modo construtivo do debate e encaminhamento de todos os assuntos em pauta no parlamento e apoiaremos, de forma incondicional, todas as decisões que defendam e atendam os interesses do povo brasileiro, missão fundamental no exercício de nossos mandatos.

É isso o que esperam de nós os milhares de brasileiros que nos privilegiaram com seus votos e confiança, especialmente no momento em que se avizinham do brasil os efeitos nocivos da crise que mantém na berlinda a economia americana, turbulência que contagia diversos países desenvolvidos e que agora preocupa as nações em desenvolvimento. Diante desse cenário de instabilidade mundial, cabe ao partido da república dar uma demonstração categórica de que não arredará de suas responsabilidades na proteção das conquistas dos últimos anos e de que é possível, sim, contribuir com o brasil sem as amarras impostas seja pelo governismo seja pela oposição.

Não fazemos política cultivando ressentimentos, mas também não abrimos mão da construção e manutenção de relações de confiança, respeito e lealdade junto àqueles a quem emprestamos o nosso apoio. No momento em que tais condições não mais se colocam como base de nosso relacionamento com o governo, entendemos ter chegado o momento de atuar com mais autonomia.

Ainda assim, senhor presidente, quero frisar que não faremos o jogo político rasteiro da revanche ou da vingança, do constrangimento ou da chantagem. Entretanto, não renunciaremos à crítica proveitosa e ao embate sereno e elevado na defesa das posições e bandeiras de nosso partido. Votaremos com as nossas consciências e alinhados ao que pensa e deseja o cidadão brasileiro. Esse é o nosso papel.

Senhor presidente, nos últimos oito anos e meio o partido da república ofereceu apoio incondicional e decisivo ao projeto apresentado pelo ex-presidente lula, cuja expectativa de continuidade e avanço levou à eleição da presidenta dilma rousseff. Nesse período, aceitamos fazer parte de um governo que pretendia e teve êxito em abrir um ciclo virtuoso para o nosso povo. No comando dos espaços que fomos convocados a ocupar na administração, nos dedicamos ao trabalho incansável e à sustentação política leal e segura, mesmo nos momentos em que foi necessário abrir mão de interesses e expectativas individuais de nosso partido.

Passado tanto tempo, e tendo prestado tantos serviços, não é aceitável que sejamos tratados como aliados de pouca categoria, fisiológicos e oportunistas, sem compromissos nem história em comum com o governo que aí está e que ajudamos a construir.

Quero reiterar, em nome do meu partido, o apoio enfático a qualquer ação de combate à corrupção e para o fomento e fortalecimento de uma conduta exemplar na administração pública. Para nós, do pr, a defesa de tais princípios nunca esteve em discussão. Fazemos e continuaremos fazendo côro junto àqueles que defendam a apuração responsável e rigorosa dos fatos, com a identificação e a comprovação de deslizes, acompanhadas da efetiva punição dos envolvidos dentro dos ritos consagrados pelo estado de direito. Estamos convencidos, contudo, de que não se corrigem mazelas, nem se constrói a excelência, com um estado policial e intimidatório amparado por manchetes de jornal. O enfrentamento da corrupção exige coragem, maturidade e serenidade para rever estruturas, fortalecer e disciplinar os órgãos de controle e investigação, modernizar procedimentos e leis de modo a melhor colaborar para a ação do poder judiciário. Esse é um trabalho diário e sistemático, cuja efetividade não pode estar atrelada nem graduada apenas pelo escândalo do momento.

Por isso, senhoras senadoras, meus colegas senadores, afirmo que jamais somaremos forças ou endossaremos ações meramente midiáticas, desprovidas de provas ou açodadas, em que seja desrespeitado o direito à ampla defesa e ao contraditório, levando à execração pública e ao julgamento antecipado de quem quer que seja, independente de nossas preferências ou filiação partidária.

Quero concluir, senhor presidente, enfatizando que os episódios recentes fortaleceram ainda mais a coesão interna e os princípios éticos e políticos que sempre governaram o partido da república. Nossa ação no congresso é reconhecida pela disciplina, pela unidade e o respeito irrevogável às decisões colegiadas, atruibutos que esvaziarão qualquer aposta na divisão de nossas bancadas ou na construção de dissidências.

Nós, senadores e deputados, reafirmamos a determinação do pr em manter um olhar elevado para os anseios de nosso país, repito, sem a expectativa de ocupar espaços ou desfrutar de privilégios. No momento em que declaramos independência e devolvemos os cargos ao governo federal, reiteramos o nosso compromisso com o brasil.

Assim, trabalharemos para contribuir diretamente com a consolidação do desenvolvimento do brasil e, nesse momento, para o pleno enfrentamento dos problemas que preocupam o nosso povo. É imperioso nos esforçarmos para neutralizar os possíveis efeitos da crise mundial sobre nosso país, protegendo a estabilidade de nossa economia, a continuidade dos investimentos e a geração de empregos e renda, pilares do desenvolvimento robusto que ajudamos a construir.

Integrantes do partido da república são, hoje, objeto de investigações para a apuração da suposta prática de irregularidades. É nosso dever, nesse momento, aguardar e colaborar para que tais apurações encontrem o melhor desfecho, de modo a estabelecer a verdade dos fatos e criar as condições para a reparação de eventuais danos às pessoas envolvidas. Não é possível diálogo político com o governo sem essa salvaguarda.


Muito obrigado.

fonte: http://acritica.uol.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário